Friday 23 November 2007

Machismo a tremer




Machismo é um sentimento que gosto definir como o de mandar nas emoções da pessoa que se penetra, seja física, seja idealmente. Com o corpo ou com as ideias. Sentimento de dominação do espaço social e dos afazeres. Comando sobre a lei costumeira e a lei positiva. Sentimento necessário, como o etnocentrismo, de pensar que somos os melhores, os que mais sabemos, os que entendemos o contexto e o definimos.
Machismo, conceito aplicável a toda idade e toda relação entre seres humanos, quando há um que diz e ao outro toca ver, ouvir e calar.
O machismo que treme, porém, não é o masculino do homem. É o masculino da economia que nos vê agir e nos manda comportar.
Os homens, habituados à forma patriarcal do comportamento social, ficam perdidos. Bem gostam de serem gentis e sedutores, oferecerem flores e carícias, visitarem, convidarem, apalparem...
A resistência é dura. A sedução é um comportamento distribuído de forma igual entre as pessoas. Até é difícil, num texto como este ou noutros semelhantes que tenho escrito, diferenciar entre homem e mulher. Entre heterossexual, bissexual, andrógino e outras classificações semelhantes.
A partir de Sábado 16 de Setembro do ano de 2006, no dia que a Holanda aprovou a lei de matrimónio entre pessoas do mesmo sexo lei justa e largamente esperada por tantos e em tantos países, como invoca o jornal que a anuncia - o machismo deixou de ser o privilégio dum sexo para passar a ser um conceito passível de ser aplicado a todos os que, na relação emotiva, comandam sem autoridade e com força subversiva.
Este é o machismo que levou muitos seres masculinos a perderem as pessoas femininas das suas vidas, por não terem entendido a liberdade real que essa pessoa companheira, merecia.
Pessoa companheira, a não entender essa liberdade; pessoa que deixa de ser companheira ao sentir que a sua liberdade não é que lhe esteja fechada: é que a não entende. Não entende como ser utilizada. Não entende como acompanhar e completar o outro ser que, no seu ver, a limita, a fecha, parece ser abandonada em casa.
A viver essas horas mortas de criar uma pequenada que mama, come, chora, procura meios para explorar a vida. Meios que apenas encontra no adulto que fica com essa criança, em casa. Seja uma ela ou um ele; seja uma mãe, um pai; Sejam duas mães, dois pais, avôs, uma empregada ou nana.
O machismo está a tremer e nós, a ficarmos sós, desamparados.
O sentimento social mudou e nós, adultos de hoje, criados na infância de ontem, não sabemos qual o modelo para nos orientarmos ou para dar apoio à geração seguinte, essa que pede conselho.
Qual é o que podemos dar? Será preciso reler Tomás de Aquino, Adam Smith , Milton Friedman? Autores por tantos ignorados e, no entanto, por todos praticados, saibamos ou não.

Barão